Categoria: ARTIGOS TÉCNICOS

  • Projeto AGRIFLEX

    Projeto AGRIFLEX

    A AGIM é uma das entidades parceiras do Projeto Agriflex – Flexibilidade do consumo de energia na agricultura para a transição energética.

    O projeto tem como entidade promotora a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e representa um investimento global de 694 mil euros financiados em grande parte pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência (www.recuperarportugal.gov.pt).

    Com um total de mais de uma dezena de entidades parceiras, nomeadamente instituições de ensino superior, unidades de investigação e desenvolvimento tecnológico, uma entidade governamental e cinco pequenas e médias empresas do setor agrícola dedicadas à produção de pequenos frutos e de hortícolas, o Projeto Agriflex teve início em junho deste ano e irá prolongar-se até setembro de 2025.

    A transição energética implica a implementação, em larga escala, de produção renovável descentralizada, exigindo uma maior flexibilidade da rede elétrica, ou seja, a capacidade de ajustar a produção e o consumo em tempo real. Até agora têm sido considerados, quase exclusivamente, recursos do lado da produção para conferir essa flexibilidade ao sistema elétrico, mas, cada vez mais, são procuradas fontes de flexibilidade do lado do consumo.

    Os principais objetivos do AGRIFLEX são contribuir para a transição energética na agricultura, promovendo uma atividade agrícola mais competitiva, resiliente e sustentável através da promoção de energias renováveis, do incremento da eficiência energética e redução dos custos com energia, e da oferta de serviços de flexibilidade à rede elétrica.

    Para alcançar estes objetivos, o projeto prevê:

    • o desenvolvimento e instalação de soluções agrovoltaicas para produção de hortícolas em estufa e pomares de pequenos frutos;
    • a instalação de soluções de gestão e controlo de equipamentos elétricos que minimizam a fatura energética das explorações agrícolas;
    • a avaliação do potencial de serviços de flexibilidade prestados pela atividade agrícola ao setor elétrico;
    • e a execução de ações de capacitação técnica e sensibilização dos agentes do setor agrícola nesta temática.

      Projeto financiado por: www.recuperarportugal.gov.pt

     

     

     

    http://www.recuperarportugal.gov.pt

  • A poda do mirtilo

    A poda do mirtilo

    Gonçalo Bernardo

    Técnico da Agim
    A cultura do mirtilo está a despertar um inesperado interesse em Portugal de há alguns anos a esta parte, especialmente desde 2009. Todos os meios de comunicação social têm dedicado espaços muito razoáveis a esta nova realidade da agricultura portuguesa. Com efeito, verifica-se hoje que um número muito grande de agricultores, especialmente de jovens, se está a virar para uma nova janela de oportunidade: a cultura de pequenos frutos, com grande predominância para o mirtilo.

    Muito se tem dito e escrito sobre a cultura do mirtilo, nomeadamente sobre as caraterísticas do solo ideal, sobre o número de horas necessárias e úteis de frio e sobre muitas outras exigências que esta planta requer. Porém, pouco se tem divulgado sobre uma das práticas de cultivo necessária e indispensável a todas as plantas, e igualmente ao mirtilo, que é a PODA e que aqui abordarei resumidamente.

    Começarei por uma definição muito simples e compreensível do que deve entender-se por poda em termos gerais: “A poda é uma operação cultural que consiste em retirar das plantas, árvores e arbustos os ramos inúteis de forma a favorecer o seu crescimento, a floração e a frutificação”.

    Assim, a poda do mirtilo não se afasta muito dos princípios gerais aplicáveis a outras espécies.

    É Inverno, a folha já caiu, e as plantas encontram-se agora em pleno estado de dormência. É chegada a hora de começar a poda. A poda do mirtilo tem filosofias diferentes entre técnicos e diferem de país para país. Tal facto foi notório com a vinda de dois técnicos holandeses a Sever do Vouga, no mês de Janeiro, para quem a poda se deve limitar ao essencial, pois para eles as podas severas traduzem-se em custos elevados, que podem ser compensados com uma boa fertilização. No entanto, existe consenso nos três princípios básicos seguintes:

    Poda de formação

    Este tipo de poda é realizado nos primeiros anos de vida da planta e começa logo na plantação. O podador deve:

    – Deixar 3 a 4 ramos principais da planta;

    – Eliminar todos os ramos pequenos, fracos e prostrados;

    – Abrir o centro da planta.

     Poda de frutificação

    É efetuada a partir do segundo ano após a 1ª colheita devendo o podador:

    – Eliminar ramos doentes e prostrados;

    – No final da primavera cortar ramos com crescimento elevado no terço superior (poda em verde);

    – Eliminar ramos que se cruzem;

    – Eliminar ramos no interior da planta;

    – Nos ramos demasiado produtivos, fazer controlo da carga.

    Poda de renovação

    É realizada a partir do 5º/6º ano, com:

    – Eliminação dos ramos com mais de 5 anos;

    – Eliminar cerca de um quarto dos ramos velhos;

    – O corte deve ser feito ao nível do solo.

    Cada tipo de poda está mais direcionado para uma determinada idade da planta. No entanto todas elas são possíveis, complementando-se, numa determinada planta de uma determinada idade e independentemente da cultivar.
    Porém, deve ter-se em consideração que existem pontos desta operação cultural que variam com a cultivar como, por exemplo, as cultivares com fraca rebentação de base, as prostradas e as que têm abundante rebentação.

    Estas diferenças têm sido demonstradas nos diversos cursos que a Agim tem ministrado junto dos seus associados e em diversas associações de agricultores.